sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dia Mundial do Câncer


Em 20 anos, doença deve ser a principal causa de morte

Lembrado no dia 4 de fevereiro, o Dia Mundial do Câncer é uma oportunidade para chamar a atenção sobre o crescimento dos casos da enfermidade, que até 2030 deve ultrapassar as doenças cardiovasculares e se tornar a principal causa de morte no mundo

SÃO MIGUEL DO OESTE

Camila Hundertmarck

     O Dia Mundial do Câncer foi instituído em 2005 pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) e é celebrado todo o ano no dia 4 de fevereiro. A data tem como objetivo chamar a atenção das nações, líderes governamentais, gestores de saúde e do público em geral para o crescimento do câncer, que vem atingindo proporções alarmantes no mundo. Conforme dados oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 12,7 milhões de pessoas são diagnosticadas todo ano com câncer e 7,6 milhões de pessoas morrem vítimas da doença. Os estudos revelam que até 2030 serão 26 milhões de novos caso e 17 milhões de mortes por ano no mundo.
     Em São Miguel do Oeste, até o ano de 2009, cerca de 40 pessoas morreram vitimas de câncer.  Conforme os dados apresentados em palestras no município, traquéia, laringe, lábio, boca, brônquios e pulmões foram os órgãos com maior incidência das neoplasias. Os cânceres de estômago, esôfago, fígado, pâncreas próstata, mama e colo do útero também entram nas estatísticas de mortes na região. Somados, esses tipos de cânceres fizeram mais de 50 vítimas de 2005 a 2009 no município.
    De acordo com a secretária da saúde, Beatriz Soares, é freqüente o número de casos diagnosticados todo o ano em São Miguel do Oeste. “Temos praticamente todos os dias casos diagnosticados. Não temos um dia específico para cuidar do câncer, mas trabalhamos em todas as nossas ações. A gente sempre está falando na prevenção. Os próprios agentes de saúde, quando passam nas casas, reforçam o cuidado que se tem que ter com a doença”, adverte.
     Beatriz ressalta que a quantidade de casos vem aumentando espantosamente ano após ano no município. Para ela, os principais motivos são as condições climáticas, os hábitos alimentares e os tóxicos. “É assustador a quantidade de pessoas que são diagnosticadas com câncer. O sol está mais intenso, os alimentos que a gente ingere são inadequados e infelizmente a população não tem uma redução do uso do cigarro. O tabaco também é um importante causador do câncer”, explica.
     Conforme o clínico geral Wilson Stang, os cânceres que mais matam no mundo são os de pulmão, mama, colo uterino, retal e esôfago. Ele explica que o aumento no número de casos de câncer não é uma realidade apenas brasileira, já que os diagnósticos estão aumentando no mundo todo. Stang revela que a população precisa estar atenta aos sintomas para que seja possível um diagnóstico precoce. “Quanto mais precoce o câncer for diagnosticado, mais chances de cura terá. Se for diagnosticado no principio, ele pode ser curado em até 100% dos casos” explica.
    O médico alerta ainda que as pessoas que já possuem histórico de câncer na família devem ter um cuidado redobrado. “A população precisa ficar atenta no que diz respeito ao câncer. Aqueles que já tiveram casos da doença na família devem ficar ainda mais alertas. Para isso, é preciso que se faça consultas regulares e exames específicos para cada tipo de câncer”, explica.
     Ao receber o diagnóstico da suspeita, o paciente precisa ser operado imediatamente para coleta do material que deve ser encaminhado para a biópsia. Se a suspeita for confirmada, é preciso que o paciente seja encaminhado para um cirurgião geral ou oncologista. Stang explica que o cirurgião é responsável pela retirada do tumor, mas que o restante do tratamento deve ser feito por quimioterapia. “Após a retirada da neoplasia, é feito um tratamento com quimioterápicos para tratar as células neoplásicas que ainda persistem. Além disso, pode se fazer um tratamento associado à radioterapia que também auxilia na eliminação de células cancerígenas”, ressalta.

A DESCOBERTA DA DOENÇA
Carmem Maria Lolatto
      A dona de casa, Carmem Maria Lolatto, 50 anos, descobriu que tinha câncer há quase dois anos. Ela conta que as células cancerígenas do sistema linfático foram descobertas através de consultas e exames feitos todo o ano. “Eu fazia sempre os meus exames de rotina e uma vez por ano mamografia e duas vezes ultrassons do seio e intra-vaginal, que são órgãos onde as mulheres têm mais probabilidades de ter câncer”, relata.
       Carmem conta que os sintomas eram parecidos com a menopausa e que por isso nunca imaginou que poderia se tratar de câncer. “Eu tinha muito cansaço e calorão e achava que era porque já tinha entrado na menopausa. Eu nunca pensei que eu estivesse com a célula cancerígena. Fui fazer meus exames e sempre apareciam nódulos nos meus seios, mas eles não aumentavam nem diminuíam”, conta. A dona de casa explica que só pensou em procurar o médico novamente, após a descoberta de outros três nódulos no pescoço. “Um dia me deu uma dor forte no pescoço. Minha filha olhou e sentiu que tinha três nódulos. Fiz uma consulta e foi retirado um para biópsia”, narra.
        Dias após a consulta e a retirada de um dos nódulos, Carmem recebeu a triste notícia. “Quando veio o resultado, o médico me chamou no consultório e me contou que a notícia não era boa. Ele disse que era câncer”, relembra. Apesar da má notícia, Carmem tinha dois aliados. O câncer estava em fase inicial e não era o mais agressivo. Ela, porém, conta que a sensação foi a pior possível. “A minha primeira sensação foi de morte. Algo muito ruim. Depois, com o passar do tempo, fui aceitando. Hoje em dia a medicina está muito avançada e é possível buscar muitos tratamentos para se recuperar”, ressalta.

QUIMIOTERAPIA
        Uma das fases mais desgastantes do tratamento contra o câncer é a quimioterapia. Os medicamentos utilizados para combater as células cancerígenas são responsáveis pela perda de cabelo nos pacientes. Carmem conta que esta foi uma das fases mais difíceis e mais tristes pela qual já passou. “Na primeira quimioterapia, eu puxava o cabelo e caia. Eu fiquei totalmente careca, mas eu tinha que passar por esse processo. É muito ruim se olhar no espelho e se ver daquela forma”, relata.
       Perto de completar dois anos de tratamento, Carmem está curada. Hoje ela faz quimioterapias de manutenção, apenas para controlar os nódulos e  ter a certeza de que eles não voltem a aparecer em outras partes do corpo. “Na metade do tratamento, os linfomas já haviam sumido. Continuo fazendo quimioterapia de manutenção para não deixar o câncer voltar e, além disso, preciso ter cuidado com a minha alimentação”, explica. Apesar das dificuldades, a dona de casa afirma que encontrou uma nova maneira de ver a vida. “Hoje eu vejo a vida de uma maneira muito melhor, aproveito mais as coisas boas. Isso o câncer me ensinou”, finaliza.

COMO PREVENIR O CÂNCER·  

  1. . Não fume – o cigarro é responsável por 30 % das mortes por câncer
  2. · Mantenha uma dieta equilibrada rica em frutas e verduras e reduza proteína animal do cardápio
  3. · Procure ficar no seu peso ideal, evitando sobrepeso ou obesidade
  4. · Quadros infecciosos, causados por vírus ou bactérias, estão relacionados com 17% de todos os cânceres
  5. · É fundamental adotar um comportamento de sexo seguro e vacinar as adolescentes contra o HPV antes do início da vida sexual

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