segunda-feira, 26 de março de 2012

sexta-feira, 16 de março de 2012

Motocão 2012


Motociclismo: paixão sem fronteiras 

SÃO MIGUEL DO OESTE

Camila Hundertmarck

O Motocão chega à sua 14ª edição com o maior público de todos os tempos. Apaixonado por motos, os visitantes e os motociclistas da cidade aproveitam o clima do evento para demonstrarem toda sua paixão pelo veículo de duas rodas. Ronco de motores, uma infinidade de personalidades e características e motocicletas de todas as cores e modelos.
Os visitantes vêm de muitos lugares. Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná são alguns dos estados que marcam presença em todas as edições do Motocão. Odair Hamilton Hemert, 57 anos, não veio de tão longe, mas relata que não perde nenhum encontro de motocicletas do país. Acompanhado da esposa, Odair visita São Miguel do Oeste todos os anos na época do evento. Ele conta que já viajou o mundo inteiro com seu triciclo. “Já fomos para Salvador, Bahia, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, só de triciclo. A sensação de liberdade é muito boa, de conhecer o Brasil e era um sonho que está sendo realizado agora. Vale muito à pena”, relata.
            Odair e a esposa participam do Moto Grupo Traink do Oeste, de Chapecó. Ele conta que durante a semana todos trabalham, para somente na no sábado partirem para os encontros de motociclestas do país inteiro. “A gente trabalha até a sexta-feira e no sábado a gente vai para os encontros. Todo o ano nós viemos no Motocão, é muito bom, muito bem organizado”, explica. Depois de São Miguel do Oeste, o casal já tem rumo certo. No próximo final de semana eles devem seguir rumo à cidade catarinense de Arvoredo. “A cidade mandou o convite do evento e, com certeza nós vamos. Nós já fomos ano passado e vamos de novo este ano”, conclui.

EXPOSITOR E APAIXONADO POR MOTOS

            Além dos visitantes que vêm rumo à cidade para diversão e entretenimento, muitos chegam a São Miguel do Oeste para exposição de seus produtos nas barracas que ficam nas ruas laterais à área coberta. George Pinto, 56 anos, veio da cidade gaúcha de Porto Alegre com outros dois amigos à bordo de um microônibus. O gaúcho trouxe para venda as esculturas de papel e fibras que ele mesmo produz. George conta que apesar de terem vindo de ônibus, o grupo é amante de motos e esse é o principal motivo de viajarem pelo país todo. “A gente gosta de moto, o motivo de a gente viajar mesmo é a moto e como temos que trabalhar, a gente vai conseguindo conciliar para que dê certo. De problema mesmo, só saudade da família, pois ficamos até 20 dias fora”, explica.
George destaca ainda que quando viaja de moto, sempre tem a companhia da esposa. Ele conta que as viagens acontecem por todo o sul do país. “Quando viajo de moto ela vai junto. Quando viajo de ônibus, ela fica. Mas no fim de semana quando eu posso, fujo. É uma paixão pelas motos e por viajar”, relata.
A próxima parada, segundo ele, é na cidade de Gravatal. Só depois de participar do encontro da cidade catarinense é que George e os amigos retornam para Porto Alegre para rever a família. “A gente viaja bastante, vamos a todos os eventos no Rio Grande do Sul e fora também. Viemos de Ijuí para cá e daqui vamos para Gravatal, em outro encontro”, finaliza.

ACROBACIAS SOBRE DUAS RODAS

Na noite do último sábado e na tarde do domingo, dia 11, a equipe Giro Total de Estância Velha, Rio Grande do Sul, se apresentou para o público migueloestino. Há nove anos, a Equipe percorre as cidades do Sul do país fazendo acrobacias sob as duas rodas. Conforme um dos pilotos, Rodrigo Nunes, a equipe é formada por um mecânico, dois pilotos e um locutor. Rodrigo conta que as motos usadas no show possuem alterações próprias para o tipo das acrobacias. “Nós temos um mecânico próprio que cuida de todas as motos. É preciso fazer algumas alterações para que elas aguentem”, explica.
Segundo ele, em nove anos, nunca houve qualquer tipo de acidente durante as apresentações do grupo. “A nossa preocupação é nos preservar e preservar o nosso público”, destaca. Rodrigo conta que a sensação durante os shows é de liberdade. “É um lugar que a gente gosta. E sabemos que quem está ali curte motos então é muito gratificante”, relata. Rodrigo divide a pista com o também piloto e dono da equipe, Ademir Zimermann.  Zimermann conta que a esposa é parceira e sempre que pode, o acompanha nas viagens. “Cada um tem seus trabalhos durante a semana e, nos finais de semana, viaja com a equipe. É um extra. Minha esposa é parceira, ela sempre participa”, conta. 

terça-feira, 13 de março de 2012

ELAS CONQUISTAM O MERCADO

Mulheres garantem lugar no mercado, mas 
salário ainda é inferior ao dos homens

A mulher, que representa a maior parcela da população, viu aumentar seu poder aquisitivo, o nível de escolaridade e conseguiu reduzir a defasagem salarial que ainda existe em relação aos homens

SÃO MIGUEL DO OESTE

Camila Hundertmarck

A cada ano que passa, a classe feminina continua a aumentar a sua inserção no mercado de trabalho.Hoje as mulheres estão adotando, cada dia mais, uma postura atuante, não apenas pelo seu próprio esforço, mas também pelas exigências do mundo moderno.  Os últimos 20 anos foram essenciais para que elas fortalecessem a sua participação no mercado e garantissem sua responsabilidade no comando da família.
A história da mulher no mercado de trabalho começou com a I e II Guerras Mundiais, nos anos de 1914 a 1918 e nos anos de 1939 a 1945. Naquela época, os homens atuavam nas frentes de batalhas e se tornava responsabilidade das mulheres o cuidado com a casa e com os negócios da família.No século XIX, no entanto, várias mudanças ocorreram na organização do trabalho feminino. Com a consolidação do sistema capitalista e com o desenvolvimento tecnológico, a maior parte da mão-de-obra feminina foi transferida para as fábricas.
Com o passar do tempo, porém, as mulheres, maior parcela da população, viram aumentar seu poder aquisitivo, seu nível de escolaridade e conseguiram reduzir a defasagem salarial que ainda existe em relação aos homens.Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas revelam que em 2010, a participação das mulheres na população economicamente ativa foi de 45,3%. Em 2003, a participação feminina era menor, com 43%.


AS MULHERES NO COMANDO
Pouco a pouco as mulheres vão ampliando seu espaço na economia nacional e garantindo a execução de funções que, antes, eram destinadas apenas para o sexo masculino. Pesquisas recentes apontamo crescimento espantoso do número de mulheres em postos diretivos nas empresas e instituições.Marilene Stertz, 56 anos, é uma delas. Pró-reitora acadêmicae professora da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), ela é responsável pelo controle do ensino, da pesquisa e da extensão na universidade.
Marilene conta que desde muito cedo já sabia que profissão seguiria. Sua introdução no mercado de trabalho teve início na área da educação, quando ela optou por seguir seu sonho e fez um curso no magistério. “Minha história como profissional começou com o próprio investimento na área da educação. Fiz um curso do magistério em nível de ensino médio porque eu realmente queria ser professora”, relata.
Antes de exercer a atual função, ela foi graduada em Letras e fez especialização em Comunicação Social. Em 1974, Marilene realizou seu sonho e se tornou professora das disciplinas de literatura e língua portuguesa para turmas do ensino médio. Hoje, a pró-reitora desempenha uma das funções mais importantes dentro da Universidade, mas garante que o comprometimento continua. “Eu tenho muito orgulho de onde cheguei e isso sempre me remete a me preparar mais e melhor. Eu me sinto muito bem e muito feliz com isso que eu faço. Eu me realizo”, afirma.
Para a profissional,a mulher já garantiu seu espaço no mercado de trabalho. O motivo, segundo ela, é o investimento em cursos de ensino superior e a responsabilidade em trabalhar coletivamente. “A mulher tem capacidade para cuidar de detalhes, atua com equilíbrio entre emoção e razão e estámais aberta e flexível às mudanças. Ela trabalha numa perspectiva coletiva e valorizam opiniões”, justifica.
A pró-reitora avalia ainda que o antigo modelo hierárquico que colocava os homens como chefe dos negócios e da família, fez com que hoje a mulher continue em segundo plano no mercado de trabalho. “Os padrões tradicionais com base numa visão patriarcal onde o homem manda,vem historicamente se perpetuando. Mas as organizações modernas no serviço público quanto no privado vem modificando tal padrão. Hoje o salário depende do conhecimento que considera habilidades e competências”, conclui.


ESPOSA, MÃE E PROFISSIONAL
A história da mulher no mercado de trabalho, no Brasil, está sendo escrita com base na queda da taxa de fecundidade e no aumento no nível de instrução da população feminina. Hoje o perfil das mulheres é muito diferente do perfil apresentado no começo do século. Além de trabalhar e ocupar cargos de responsabilidade, ela concilia as tarefas tradicionais: ser mãe, esposa e dona de casa.
Otília Donato Barbosa, tem 38 anos e é coordenadora do curso de Sistemas da Informação da Unoesc. Casada e com um filho de quatro anos, ela precisa se dividir entre as tarefas profissionais e o ambiente familiar. “É uma rotina bastante corrida. Fico em casa de manhã e trabalho nos turnos da tarde e da noite na Unoesc. Eu saio da universidade no final da tarde, busco meu filho na escola e fico um pouco com ele antes de voltar a trabalhar à noite”, conta.
Otília ingressou no mercado de trabalho como estagiária de um curso técnico em eletrônica, mas logo garantiu turmas do ensino médio para dar aulas. Com o passar do tempo, ela começou a graduação em Sistemas da Informação e ministrou aulas por dois anos na universidade. Hoje ela coordena outros três cursos e afirma que a busca pelo seu lugar no espaço teve raízes na família. “Meu marido me incentiva bastante. Ele sempre apoiou que eu estudasse. Nós já viemos de uma família onde as mulheres não ficavam somente em casa com os filhos, elas já trabalhavam, então foi um processo natural”, justifica.
A coordenadora destaca ainda que o preconceito com a classe feminina vem diminuindo com o passar do tempo. Para ela, o preconceito parte das próprias mulheres em relação à algumas áreas profissionais. “Na área da informática ainda há uma quantidade pequena de mulheres. Temos ainda a necessidade de convencer as mulheres de que a informática é uma área para elas também. Talvez seja um preconceito das próprias mulheres, pois, tem empresas daqui da região que até pedem mulheres como funcionárias. Elas têm um perfil que a empresa procura”, opina.


A CLASSE FEMININA E A INDEPENDÊNCIA

Nível de escolaridade tem contribuído para conquistar a 
“tão sonhada” independência

Um levantamento feito pela Universidade do Oeste de Santa Catarina Unoesc), aponta que mais da metade do número de acadêmicos da instituição são do sexo feminino. Para um total de 4310 em todos os campus da Universidade no oeste do estado, cerca de 2810 são mulheres.Em São Miguel do Oeste os cursos mais procurados pela classe feminina são os cursos de direito, com 345 mulheres, administração, com 221 e enfermagem, também com 221 alunas.
Além do grande número de mulheres que buscam a graduação na região oeste, a universidadepossui também um número elevado de mulheres em cargos de docência e coordenação. O levantamento mostra que de 195 professores, 97 são mulheres.
Leoní Serpa é uma das 97 professoras e coordenadoras da Universidade. Responsável pelo comando das turmas de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Ela conta ter dividido com as seis irmãs, desde muito cedo, o desejo da independência. “Eu venho de uma família de seis mulheres. Talvez por conta de estar dentro de uma família com muitas mulheres, a gente sempre foi muito batalhadora e todas alcançaram êxito profissional. Hoje tem na família, biomédica, advogada, arquiteta, contadora e eu que sou jornalista. Todas nós construímos nossos espaços por nós mesmas e não pela indicação de alguém”, relata.
A professora destaca ainda que apesar do preconceito que ainda existe, a classe feminina têm garantido o seu espaço com base na competência e profissionalismo. “Toda a mulher tem essa coisa do inovador, do desafiador. Talvez pela minha personalidade eu tenha encontrado algum preconceito, mas eu não senti esse preconceito diretamente e sim de forma velada. Todas nós somos testadas o tempo todo. Ou somos determinadas ou não alcançamos o que queremos. Se a sociedade acha que precisa ter uma data é porque ainda não existe um entendimento de que esse gênero é fundamental para a sociedade”, opina.

PROJETO BUSCA IGUALDADE SALARIAL NO PAÍS
Apesar do crescimento da classe feminina em cargos de diretoria, o salário continua desigual em relação ao dos homens. Segundo uma pesquisa recente feita por uma empresa de recrutamento e seleção de executivos, as mulheres ganham, em média, 22,8% a menos que os homens.
A boa notícia é que essa diferença nos rendimentos deve cair rapidamente com a aprovação do projeto que multa as empresas que pagarem às mulheres salários inferiores aos dos homens quando ambos ocuparem as mesmas funções. O objetivo é encontrar uma forma de acabar com a discriminação entre os sexos.Após a aprovação do projeto, o Senado estipulou que a multa será de cinco vezes a diferença entre os salários durante todo o período de contratação da funcionária. Como a proposta foi aprovada em última instância, ela deve seguir agora para sanção da presidente Dilma Rousseff. 

sexta-feira, 2 de março de 2012

Atrativo


Pizza em metro atrai visitantes de toda a região

SANTA HELENA

Camila Hundertmarck

De origem italiana, a pizza faz sucesso também entre os brasileiros do Norte ao Sul do País. No município de Santa Helena, a pizza deixou seu formato tradicional para ganhar proporções bem maiores. Na pizzaria do casal Dárcio e Eliane Rigão é quase impossível encontrar uma cadeira vazia. Moradores das cidades vizinhas lotam o local para provar a especialidade da casa: a única pizza em metro da região Oeste catarinense.
Dárcio e a esposa são naturais de Santa Helena, mas moraram cerca de cinco anos na cidade de Turin, na Itália, onde trabalhavam em uma churrascaria. Ele conta que a ideia surgiu quando o casal visitou uma pizzaria nos Alpes italianos. “Nós saímos para conhecer alguns lugares e o italiano, dono da churrascaria onde eu trabalhava, nos levou para conhecer uma pizzaria perto dos Alpes, na divisa com a Suíça. Foi lá que conhecemos a ideia”, relata.
Após algumas idas à pizzaria, Dárcio e Eliane se tornaram amigos do dono, que não hesitou e resolveu passar a receita da famosa pizza ao casal. “Ele sempre ia até a churrascaria onde trabalhávamos e a gente criou uma amizade com ele. Aí ele nos passou a receita da massa e do molho da pizza, até porque éramos brasileiros e não iríamos colocar uma pizzaria na Itália”, justifica.
O casal de brasileiros morou na cidade italiana de 1994 até o ano de 1999 e só resolveu retornar ao Brasil quando descobriu que teria um bebê. “Voltamos para o Brasil porque minha esposa ficou grávida e queríamos que o bebê nascesse brasileiro”, conta. Ao chegarem ao Brasil, Dárcio e a esposa moraram por um tempo em Brusque, no Norte de Santa Catarina, mas não demorou muito para que decidissem voltar à cidade natal.
Em Santa Helena, o casal comprou o prédio de um antigo bar e abriu uma lanchonete que, com o passar do tempo, foi sendo reformada até se tornar uma pizzaria. “Com o tempo fechamos a frente, que era aberta, e implantamos o forno à lenha. Antes fazíamos pizzas para o público local, mas quando surgiu a massa em metro moradores de todas as cidades da região começaram a aparecer por aqui”, lembra.
Quando a novidade se espalhou, a pizzaria “Feito à Mão” ficou famosa na região. Dárcio explica que um metro de pizza rende em torno de 40 pedaços e custa em média R$ 55,00. “É uma pizza para famílias, pois cada metro rende em torno de 40 pedaços. Então todos que vêm com uma turma grande”, relata.
         No início a propaganda foi feita por meio da rádio  e de cartões distribuídos na cidade. Hoje, no entanto, o dono diz que a propaganda é feita pelos próprios clientes que frequentam a pizzaria. “O que mais rende clientela é o ‘boca a boca’. O pessoal vem aqui e depois sugere para os amigos. Temos uma carteira fixa de clientes e todos que vêm acabam voltando. A pizzaria funciona de quarta à sexta-feira e tem clientes que frequentam pelo menos uma vez por semana”, garante. Ele revela ainda que o sistema da pizzaria é baseado no europeu.  “Por isso todo mundo que quiser vir à pizzaria tem que ligar antes para reservar e garantir o lugar, para não chegar aqui e ficar esperando”, explica.
         Com uma clientela grande, a pizzaria existe há quatro anos e tem seis funcionários entre garçons e pizzaiolos. Dárcio cuida da parte de atendimento aos clientes, enquanto a esposa Eliane põe, literalmente, a mão na massa. O casal conta que se surpreendeu com a fama que a pizzaria ganhou em algumas cidades da região. “A gente não imaginava que ia chegar a essa proporção. A vantagem é que se não dá dinheiro a gente come o estoque. Mas dá, sim, pra viver disso”, finaliza.