Como elas agem no organismo de um usuário?
O consumo de drogas ou entorpecentes modifica as
funções normais do organismo humano. As
drogas naturais e as drogas sintéticas causam dependência química e
psicológica, levando o usuário ao “fundo do poço”. Conheça os efeitos dos
narcóticos no corpo humano e os tratamentos que podem ajudar os usuários a
abandonar o vício
Camila Pompeo
Maconha, cocaína, LSD, ecstasy
e crack são algumas das drogas mais conhecidas no território brasileiro. Pesquisas recentes apontam que os principais motivos que
levam um indivíduo a utilizar drogas são a curiosidade, a influência de amigos
ou ainda a dificuldade em enfrentar situações complexas. Por conta disso, tem
aumentado o número de casos de dependentes de drogas no Brasil. Apesar da intensidade
dos efeitos que as drogas causam no corpo humano, por meio de tratamento é
possível abandonar o vício.
Josemir Werlang é
médico especialista em dependência química. O médico atua em um consultório
próprio em São Miguel do Oeste e no Posto de Saúde Central da cidade. No
município de Descanso, Josemir atua como clínico-geral. Nos consultórios de São
Miguel do Oeste, Josemir atende dependentes químicos de diversas idades.
O médico explica
que as drogas se tornam atraentes por conta da sensação de prazer que provocam.
A sensação é parecida com a que sentimos quando comemos chocolate. “A droga predispõe um prazer muito intenso com uso
prolongado e no dia-dia o prazer que a gente teria com a nossa rotina, se torna
desinteressante para aquela pessoa. A droga proporciona um extremo prazer em um
curto período de tempo, esse prazer é tão intenso que a pessoa acaba se
tornando dependente”, explica.
Ao
consumir uma determinada droga, o usuário tem os neurotransmissores, substâncias químicas produzidas pelos neurônios para enviar informação às células, modulados pelas
substâncias que ocasionam o prazer. Dentre as principais estão a dopamina,
serotonina e endorfina. “Dentro do nosso cérebro nós temos neurotransmissores
que são modulados por substâncias químicas responsáveis pelo prazer. Quando a
pessoa usa a droga, o corpo vai liberar essas substâncias em altas doses”,
relata.
O
médico aponta que a principal droga causadora de dependência na atualidade é a
bebida alcóolica. Apesar disso, ele acrescenta que, na região Extremo-Oeste
catarinense, o crack é uma das drogas mais consumidas. “A droga com maiores
problemas é o crack, é a mais forte e é a droga com mais alto grau de
dependência e efeitos muito sérios no nosso organismo. Mas a droga que mais
causa dependência na sociedade é a bebida alcóolica”, declara.
DEPENDÊNCIA E
ABSTINÊNCIA
A maioria das
drogas é produzida a partir de plantas como é o caso da maconha. Outras, no
entanto, são desenvolvidas em laboratório a partir de composições químicas. A
maioria causa dependência química ou
psicológica, e podem levar à morte em caso de overdose.
O
médico especialista em dependência química explica que a dependência pode ser
observada quando o usuário precisa estar perto da droga para se sentir bem. “O tabaco é o que mais provoca dependência física e
psíquica. Muitas pessoas que querem parar de fumar, sempre costumam carregar o
cigarro junto, colocam na boca pra acalmar aquele hábito”, destaca.
A
dependência psicológica diz respeito aos efeitos que determinada droga causa no
organismo do usuário. Quando o usuário fica longe do contato com os
entorpecentes, ele passa a desenvolver características que definem a Síndrome
de Abstinência. A ansiedade, a irritação, os tremores, a insônia, os delírios e
a alteração comportamental são algumas das principais características de um
usuário de drogas em abstinência. “A abstinência é um conjunto de sinais, uma
síndrome que caracteriza o efeito da ausência da droga no organismo. A droga
que mais provoca síndrome de abstinência é a bebida alcoólica”, enfatiza.
TRATAMENTO: A hora
de lutar contra o vício
Apesar
de causar forte dependência, o uso de drogas pode ser controlado por meio de
tratamentos. Um dos principais fatores que colaboram para que o usuário
abandone o vício, é a força de vontade. Porém, muitas vezes, isso não é o
suficiente para que o usuário se mantenha longe das drogas. Nesse caso, o
paciente deve ser encaminhado para internação. “O principal problema do
dependente é você conseguir convencê-lo de que a droga está lhe fazendo mal. Se
é uma dependência de droga forte, é preciso partir para internação. Internado,
esse paciente vai se tratar, vai se desintoxicar e vai fazer terapia de apoio.
Depois da alta, ele é encaminhado à um serviço de referência que vai dar
acompanhamento ao caso”, explica.
Josemir
enfatiza ainda a importância da base familiar para que o usuário de drogas
abandone o vício. “Hoje é muito importante a questão social. É fundamental que
esse paciente ganhe uma estrutura social para que ele não volte para o mundo
das drogas. Para isso existem os grupos de autoajuda”, destaca.
- Em 2008, o Brasil tinha 870 mil usuários de cocaína,
sendo o segundo maior mercado da América Latina. Já a maconha era
consumida por 2,6% da população.
- A quantidade de cocaína apreendida no Brasil
aumentou 21% nos últimos dois anos, chegando a 20 toneladas da droga.
- Em 2009, mais de 86 mil pessoas estavam nas
prisões por tráfico de entorpecentes.
- De acordo com pesquisa feita pela Universidade
Federal de São Paulo, a porta de entrada para o mundo das drogas é o álcool.
A bebida leva 46% dos adolescentes entre 13 e 18 anos a adquirir o vício.
- De acordo com estimativa da Sociedade
Brasileira de Cardiologia, cerca de 14% dos adolescentes brasileiros com
idade entre 12 e 16 anos já experimentaram algum tipo de droga que não
álcool ou cigarro.
Anfetaminas - Sua ação dura cerca de quatro horas e os principais efeitos são a
sensação de grande força e iniciativa, excitação, euforia e insônia. A médio
prazo, a droga pode produzir tremores, inquietude, desidratação da mucosa,
taquicardia, efeitos psicóticos e dependência psicológica.
Cocaína - Nos primeiros minutos, o usuário tem alucinações
agradáveis, euforia, sensação de força muscular e mental. Depois, ele pode ser
náuseas e insônia. Em pessoas que têm problemas psiquiátricos, o uso de cocaína
pode desencadear surtos paranóides, crises psicóticas e condutas perigosas a
ele próprio ou a terceiros.
Heroína - Resulta em forte sonolência, náuseas, retenção urinária e prisão
de ventre – efeitos que duram cerca de quatro horas. A médio prazo, leva à
perda do apetite e do desejo sexual e torna a respiração e os batimentos
cardíacos mais lentos.
Morfina - Os derivados da morfina são explorados
pela Medicina há várias décadas, principalmente no alívio da dor de pacientes
com câncer em estado terminal.
Maconha e haxixe - Inicialmente, o usuário tem a sensação de
maior consciência e desinibição. Com o tempo, pode causar conjuntivite,
bronquite e dependência. Em excesso, pode produzir efeitos paranóicos e pode
ativar episódios esquizofrênicos em pacientes psicóticos.
LSD - Inicialmente, a droga intensifica as percepções sensoriais,
principalmente a visão, e produz alucinações. Com o tempo, pode causar danos
cromossômicos sérios, além de intensificar a ansiedade. O usuário costuma dizer
que ouve, toca ou enxerga cores e sons estranhos.
Cogumelo - Seu efeito dura cerca de seis a oito horas,
propiciando relaxamento muscular, náuseas e dores de cabeça, seguidos de
alucinações visuais e auditivas.
Ecstasy - Seus efeitos são alucinógenos, como no caso do LSD e a dependência é
inevitável.
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